Por onde começar na filosofia?

Como começar nos estudos filosóficos pode ser uma jornada fascinante, ainda que desafiadora para iniciantes. Para aproveitar ao máximo esta experiência e construir uma base sólida de conhecimento, é fundamental seguir um roteiro estruturado. Neste texto, apresento um caminho claro e eficiente para adentrar o mundo da filosofia, permitindo que o estudante desenvolva gradualmente sua compreensão do pensamento filosófico.
Como começar nos estudos filosóficos pode ser uma jornada fascinante, ainda que desafiadora para iniciantes. Para aproveitar ao máximo esta experiência e construir uma base sólida de conhecimento, é fundamental seguir um roteiro estruturado. Neste texto, apresento um caminho claro e eficiente para adentrar o mundo da filosofia, permitindo que o estudante desenvolva gradualmente sua compreensão do pensamento filosófico.

Começar a estudar filosofia pode ser uma tarefa complicada. Muitas correntes filosóficas clamam deter o conhecimento da verdade, mas confiar em apenas uma pode ser limitante. Além disso, a filosofia tem mais de dois mil anos de história, tendo tantos livros e autores que fazem qualquer um ficar confuso e se perguntar, por onde começar?

As barreiras de entrada nesse mundo são enormes, qualquer um sem conhecimento prévio ficará perdido e pensará em desistir. Para que isso não ocorra é fundamental um guia que possa levar o leitor a superar as barreiras iniciais que são enormes. Por isso, na filosofia é indispensável o uso de um “manual”, um livro que abrange a maior parte da história da filosofia e condensa os conteúdos de forma geral para que o estudante consiga ter uma visão do todo da filosofia, estando assim mais apto para estudar qualquer assunto em específico.

O manual de filosofia mais utilizado no Brasil é a “História da filosofia” dos italianos Giovanni Reale e Dario Antiseri, em sete volumes pela editora Paulus. Outro manual excelente é o “Uma história da filosofia” de Frederick Copleston, este mais denso e aprofundado, porém muito longo. O que recomendarei não será nenhum desses, mas o “Iniciação à história da Filosofia” de Danilo Marcondes, professor da PUC-Rio e UFF. Esta obra consegue o equilíbrio perfeito entre concisão e profundidade, oferecendo uma introdução acessível sem sacrificar o rigor acadêmico. O livro apresenta questões fundamentais, bibliografias comentadas e resumos que auxiliam o leitor a construir uma compreensão sólida dos conceitos filosóficos.

Agora que temos um manual para seguir, podemos passar aos livros propriamente filosóficos. O primeiro deve ser, sem dúvidas, o clássico “Apologia de Sócrates”, pois apresenta de forma implícita todos os elementos da filosofia de Platão, além de ser de fácil leitura e curto. Seguindo os diálogos socráticos, como segunda e terceira opção temos o diálogo Críton e Fédon de Platão, formando assim a trilogia que levará o leitor desde o julgamento até a morte de Sócrates, personagem que tanto influenciou a filosofia até os dias de hoje.

Após essa introdução, o leitor poderá passar à textos mais complexos do mundo antigo, como os fragmentos de Heráclito e Parmênides, além do grande “A república” de Platão. Acredito que a leitura dessas obras é o suficiente para inserir os interessados no mundo da filosofia, formando as bases do conhecimento filosófico que prepararam os caminhos durante os dois mil anos seguintes. Outro autor fundamental, porém de leitura mais complexa, é Aristóteles. Suas obras principais, Física, Metafísica, Órgannon e Ética à Nicômaco, formaram mesmo o “cânone” filosófico durante a idade média, tendo influenciado grandemente as ciências, política e até na religião.

Acredito que este conjunto cuidadosamente selecionado de obras fundamentais fornece uma base sólida para que o interessado possa compreender os desenvolvimentos posteriores das ideias filosóficas ao longo da história. Esta fundamentação teórica robusta também permite ao estudante desenvolver um pensamento crítico mais aguçado, evitando assim cair em armadilhas contemporâneas como cursos de coach e outras modalidades de pseudo-filosofia, que frequentemente oferecem apenas fórmulas simplistas e soluções prontas, desprovidas de qualquer embasamento real nos princípios e métodos rigorosos da filosofia tradicional.