Marco Aurélio Antonino foi um imperador Romano, nascido em 121 e reinando entre 161 e 180 d.c. De todos os epítetos que se poderia dar à um grande imperador, o mais frequentemente referido à Marco é o de “imperador filósofo”. Isso deriva do fato de que o próprio dizia ser antes um filósofo que um imperador.
A corrente filosófica que o marcou desde cedo foi o estoicismo, muito influenciado por Epicteto e Sêneca. Em sua obra “Meditações”, ele nos apresenta reflexões sobre sua vida como num diário, onde vemos como seus pensamentos eram permeados com os conceitos dessa escola.
Sua educação foi condizente com o esperado de um futuro imperador, tendo tido contato com grandes professores de sua época, onde conheceu primeiramente as obras do filósofo Epicteto, fato que definiu sua forma de ver o mundo.
Uma característica marcante do estoicismo é o exercício de exame de consciência, onde o indivíduo analisa seus atos e impulsos para chegar à conclusão se estão de acordo com seus princípios, estes guiados pela razão e justiça. É neste sentido que Marco Aurélio escreve suas meditações, à partir delas temos acesso a esse exame feito longa e detalhadamente da vida e ações do imperador.
O primeiro livro das meditações é diferente dos outros. Nele são retratadas as influências que cada pessoa causou em sua vida, sendo um exercício de exame diferente e pouco comum, de onde podemos tirar lições valiosas e atemporais.
Sem dúvidas, muitas pessoas tiveram influências em nossas vidas, sejam positivas ou negativas, mas quantas vezes paramos para realmente analisar que impacto cada pessoa teve em nós? É a isso que o filósofo nos convida a fazer. A partir deste exame podemos criar um panorama de nossa personalidade atual e constatar que muito do que nós somos é fruto de aprendizados que tivemos em relação à personalidade de outros, onde incorporamos certos aspectos à nossa própria personalidade. O que aprendemos de nossos pais? E avós? Quais aspectos de suas personalidades pegamos como exemplo e incorporamos à nós mesmos? E nossos amigos? Alguma dessa influência foi negativa?
Sem dúvidas é algo a se pensar, assim como Marco Aurélio o fez. Um auto-exame de formação da personalidade, onde traçamos as principais influências externas que nos fizeram ser o que somos. Com isso podemos também compreender aquelas pessoas que nos causaram influências mais negativas e positivas, decidindo melhor com quem queremos continuar compartilhando o tempo que temos. “Uma vida não examinada não vale a pena ser vivida” – Sócrates.